terça-feira, 21 de outubro de 2008

O novo ser humano



Realmente não sei o que pensar. As vezes fico só observando, lendo as notícias, escutando os comentários e simplesmente fico sem reação. Percebo o quanto o ser humano se tornou frio e completamente descontrolado. Talvez por conta de toda essa correria do dia-a-dia, dessa pressão, dessa obrigação de ter duas línguas, de ter as melhores roupas, de ter o melhor carro, de nunca estar satisfeito com nada, fez com que o ser humano se afastasse do seu principal objetivo aqui na terra: fazer o melhor e ser feliz. Quando li sobre o desfecho desse seqüestro de Santo André ficou claro o quanto o egoísmo está presente nas pessoas. É fácil toda ação como essa ser tratada como loucura. Loucura de que? De amor? Não, para mim tudo isso faz parte do egoísmo, do egocentrismo, do ter acima de qualquer coisa. Mas pessoas não são coisas. Coisas não escolhem seus donos. Simplemente pagamos e temos a coisa. Pessoas são diferentes. Elas tem sentimento e portanto podem ou não querer ser de alguém. E muitas vezes aquela obsessão de ter é tão grande que olhamos a pessoa como coisa.

Mas isso não importa e muito menos justifica finais tristes como esse do seqüestro de Santo André. Culpar a polícia? Não, seria no mínimo injusto. O que fazer naquela situação? Matar o seqüestrador, que nunca passou pela polícia? Hoje todos acreditam que seria melhor. Culpar a amiga? Não também. Afinal a amizade, o sentimento de compaixão, de tentar salvar a amiga encorajaram uma menina de apenas 15 anos. Será que alguém faria isso? Eu não. Esse sentimento destemido, essa vontade de ajudar a quem se ama e de colocar sua própria vida em risco é o que falta em muitas pessoas, inclusive em mim. Então de quem é a culpa? Sinceramente nesse caso não vejo culpado. Vejo apenas a realidade estampada e mostrando as suas garras.

Como eu disse. Hoje esquecemos de buscar a felicidade e buscamos apenas estar em primeiro lugar. E para estar em primeiro lugar é necessário muito trabalho e muito investimento. E quem, por algum momento sente que não vai conseguir acaba destruindo o obstáculo. E esse obstáculo pode ser um objeto, uma situação ou até mesmo um ser humano. O fato é que ninguém se importa com ninguém. E não se importa mesmo. O que vale é ser o primeiro. Até a imprensa, que deveria ser apenas um canal de informação também funciona dessa maneira. Se sente bem o veículo que tiver o melhor ângulo, o que tiver a melhor lágrima e até quem conseguir a melhor entrevista com um seqüestrador. Será que alguém estava pensando realmente em um final feliz para essa história? É de se questionar. Afinal o final feliz nem sempre é a melhor notícia.

Seria muito melhor que o ser humano lembrasse que é humano e não uma máquina. Que todos temos sentimentos, desejos, opiniões, vontades. Que para ser feliz precisamos de pouco. Que essa busca pelo primeiro lugar nem sempre é a rota certa da nossa felicidade. Que as vezes estar em segundo, em terceiro ou até em último lugar é a melhor posição que poderíamos estar pois é nela que estamos felizes. As vezes não precisamos do melhor carro, da melhor roupa ou até daquela pessoa para ser feliz. O mundo é tão grande, tão cheio de surpresas que, sinceramente, não precisamos de uma única coisa para ser felizes. Isso é bobagem. Isso é pequeno. Pensar que só existe uma coisa que nos faz feliz é ter o pensamento pequeno, é não conseguir enxergar as maravilhas que a vida nos reserva. Há muitas possibilidades. Há muitas coisas a serem conquistadas. O importante é ter várias alternativas porém um só foco: o de ser feliz.

4 comentários:

Unknown disse...

Gostei do texto, gostei das palavras, mas mesmo com tudo isso dito aqui, ainda me considero uma máquina.

bj
Claudio

Alessandra Sales disse...

É intrigante mesmo pensar que existem muitos casos parecidos com este de Santo André...o pior de tudo é a certeza de impotência que nós, cidadãos,sempre ficamos.

Unknown disse...

Dani, Parabéns! O texto ficou maravilhoso e o seu blog está lindo. Mas é uma pena que o assunto do texto seja tão ruim e verdadeio ao mesmo tempo. A espécie humana precisa ser resgata. Precisamos cultivar mais o amor, a verdade, o respeito e tudo que possa tornar o nosso mundo melhor.
A cada dia é um novo sequestro, assalto...o caso de Sto Andrá foi só mais um entre milhares, a dor da mãe da Eloa representa a dor de muitas mães que perderem os seus filhos por conta de seres que acreditam ter o poder para decidir quem morre ou quem pode continuar vivendo nesse mundo. Um verdadeiro absurdo.

Bjinhos

?? disse...

Dani,
Amei a mensagem de hoje. Realmente as pessoas estão se transformando em verdadeiras máquinas de matar.
Vou trasmitir o que sinto e o que escrevi para Nil hoje, via e-mail...
Rezo todos os dias pela PAZ no mundo, pelo AMOR entre as pessoas. Mas são as pessoas que se auto-destroem!
Não sou um ser divino, nem tão pouco boa. Mas tento ao máximo, fazer o bem às pessoas, por vezes é mais fácil brigar, discutir, do que ficar bem. Mas é um ato que temos como controlar, mas as pessoas deixam se levar pelo hábito!
Resumindo. Prefiro acreditar que existe outro Plano (mundo), longe daqui, onde as pessoas encontrem a PAZ tão solicitada e o AMOR e UNIÃO que todos esperam encontrar um dia! Quando este dia misericordioso chegar, louvarei a Deus, pois os que antes, foram separados pelo morte, poderão se encontrar novamente e todos seremos felizes!

Bjs amigas, vc é simplesmente incomparável e insusbistituível.
Amo vc e amei tê-la como presente divino! Pq para me fazer rir, em horas que parecem nunca terminarem, tristezas sem fim, vc vem sempre com uma palavra acolhedora ou mensagem que nos fazem refletir sobre as pessoas e o mundo no qual convivemos!